O que podemos aprender com a história?
Uma pandemia, com remédios milagrosos, com pessoas fazendo piada, se alegrando com a abertura da quarentena e altamente resistentes ao isolamento social.
Não estou falando da Pandemia atual e sim da Grande Gripe ou Gripe Espanhola que atingiu o Brasil em 1918.

Chamada de Gripe Espanhola…
Assim ficou conhecida aqui no Brasil, mas na verdade recebeu nomes diferentes conforme o país. Na Rússia, a doença recebeu o nome de Febre Siberiana; na Sibéria, Febre Chinesa; na França, Catarro Espanhol ou Peste da Senhora Espanhola; na Espanha, foi batizada com o nome de Febre Russa…
Hoje, em dia não se liga o nome da doença ao país que se acha que teve início a pandemia, pois muitos países, à partir desta Pandemia da Gripe Espanhola passaram a esconder muitas doenças para não receber o estigma de começar uma Pandemia.
Na época da Gripe Espanhola, muitos países resolveram maquiar os número de doentes e mortes para ficarem “bem na fita’! A ideia de esconder os estragos da epidemia foi defendida inclusive por instituições de prestígio como a Royal Academy of Medicine de Londres.
Remédios de ocasião…

Não faltaram os curandeiros, com suas soluções mágicas: tome isso, tome aquilo.
Nos jornais, as páginas eram tomadas por cartas de leitores que indicavam pitadas de tabaco, balas de ervas e tônicos como remédios para a doença. Além disso, outra recomendação era queimar alfazema ou incenso para “limpar o ar” — tudo sem comprovação científica.
Um dos remédios utilizados na tentativa de evitar a doença ou curar os doentes foi o quinino (medicamento utilizado originalmente para o combate da malária). Houve uma corrida às farmácias em busca desta substância, seu preço aumentou assustadoramente e o produto acabou se esgotando (situação parecida está sendo vivida atualmente em relação à busca por álcool gel e por máscaras, produtos que não são mais encontrados no comércio).
“Limpa-velhos”
De início, a Gripe Espanhola foi considerada típica da população idosa e foi chamada de “limpa- velhos”, mas depois se viu que não era bem assim. Morreram principalmente homens adultos, entre 20 e 40 anos (pessoas em idade de participarem do mundo do trabalho), o que causou surpresa entre a classe médica. As vítimas provavelmente precisavam sair de casa para trabalhar, e acabavam assim sendo infectadas.
Uma arma biológica criada pelos alemães… O oceano vai nos defender…
Na época, a população acreditou que era uma arma biológica criada pelos alemães e que não chegaria ao Brasil. ” O oceano vai nos defender”!
De fato não se sabia bem como as pessoas eram infectadas ( isso só ficou claro em 1930) e as autoridades brasileiras demoraram a tomar providências.
O Diretor Geral da Saúde Pública, Carlos Seidl, insistia que a gripe tinha um caráter benigno (não era a “espanhola” que estava atacando a Europa, e sim uma “gripezinha”). Seidl julgou que era desnecessário tomar qualquer medida preventiva contra o mal, mesmo com a quantidade de óbitos subindo a cada dia.
Conforme a situação foi piorando, os jornais e parte da população da capital federal passaram a reivindicar o retorno das quarentenas e isolamentos. Porém, Carlos Seidl insistia que quarentenas e isolamentos não eram “nem possíveis, nem legais, nem científicos”. Ele pediu a censura dos jornais, pois acreditava que estes acabavam por incutir crescente pânico na sociedade e ameaçavam a preservação da ordem pública. Segundo ele, o sensacionalismo histérico da imprensa estaria espalhando o pânico de uma epidemia. Em muitas regiões do país, os jornais foram censurados e proibidos de divulgar determinadas notícias a respeito da doença (como, por exemplo, o número de infectados e de mortos).
As ondas de Contaminação…

A maioria das mortes ocorreram na segunda onda de contaminação. A resistência das pessoas era tão grande quanto ao isolamento social, que quando ocorreu a primeira saída pública liberada, se alegrou pelas ruas, abandonando todas as medidas de precauções aprendidas.
Nas semanas seguintes, a segunda onda de contaminação chegou com milhões de morte.
Ciência, só Ciência

Carlos Chagas, biólogo e sanitarista que descreveu a Doença de Chagas, foi uma figura importante durante a pandemia de Gripe Espanhola. O então presidente Venceslau Brás, que governou entre 1914 e 1918, convidou o especialista para liderar a campanha de combate à doença. Além de apoiar pesquisas científicas, Chagas implementou cinco hospitais emergenciais e 27 postos de atendimento à população em diferentes pontos do Rio de Janeiro.
Você viu alguma semelhança com a atual pandemia?
Temos que aprender coma história, ela nos dá pistas de como fazer e, principalmente, o que não fazer.
#fiqueemcasa